06. Hiperbóreo




Hiperbóreo
[Juliano Berko]

Eu, um Hiperbóreo, aqui habito, além dos vossos trópicos
Vivo o meu verão, não me preocupa o que os ventos trarão
É bem melhor bater dentes que pôr tudo em panos quentes!

Eu, um hiperbólico, vos digo: além do bem e do mal
Onde o sol nunca se põe há também um frio invernal
E muitos vão se queimar no gelo de uma nova moral!

Que me importa a ira de um Deus que não sou eu?
Ou a tábua de uma lei que a minha mão não escreveu?
Que me importa a ferida — se eu mesmo trilho meu caminho?
Minha verdade é a vida!
Que justiça há em morrer pelo “pecado” de alguém?!
Eu não quero viver pela culpa de ninguém!
Que bobagem seria! É preciso crer na vido eterna
Não no céu, sim na Terra!

Eu, um nobre clássico, enterneço tal qual a videira doura
Com meu fio de ouro eu enforco o distinto Minotauro
O que chamam “labirinto” é o meu matadouro!

Eu, um herói trágico, à sombra da árvore da vida
Em busca do conhecimento, a minha fruta preferida
Perfuma o meu machado toda madeira partida!

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