10. Nitimur In Vetitum


"Nitimur in vetitum semper, cupimusque negata"

(Lançamo-nos ao proibido sempre, ansiamos pelo que nos é negado)

[Ovídio, “Amores”, Roma, séc. I a. C.]


Nitimur In Vetitum

[Juliano Berko]


Quando abdiquei das madrugadas, eu ganhei muitas auroras

Aquela que anuncia um novo dia é também sua hora mais fria

Sigo com lealdade intelectual, com a retidão de atravessar milênios...

Entre os homens como entre fragmentos de um futuro que eu contemplo


Eu libertei-me daquilo que era a maior doença

Quando eu abençoei a minha consciência

Eu criei para mim uma segunda inocência

Eu tornei-me mais leve, de uma carne mais dura

Quando conquistei para mim uma vontade mais pura

Eu voei para longe, em direção à minha altura


Aquilo que é mais pesado, o que é mais raro, o meu destino tem reservado

Um corpo mais que sadio, de orgulho inquebrantável, pois, flexível

Uma saúde mais elevada, a temperança, uma reconquistada esperança

Amo apenas distante mar, às minhas velas eu ordeno: busquem sem cessar!


Não teme o que é sujo o meu instinto de asseio

Não sabe soletrar “medo” a coragem do homem mais feio

Não se cansa do que é difícil a adrenalina em meu peito

Não reconhece perigo meu coração pleno de anseio

Não sabe medir os riscos o vulcão que é o meu desejo

Não subestimo os instintos — lancemo-nos ao proibido!


Avistei mil e um abismos, neles me lancei

Quantos ainda virão e eu hei de perscrutar?

Hoje sei que há em mim um sagrado egoísmo

Hoje sei a medida do que pra mim é salutar

E quanto a estes versos, mais do que ébrios,

Tenha claro que não fui eu: Dionísio quem escreveu!

Quidquid luce fuit, tenebris agit

[O que acontece na luz age na escuridão]

Nur wer sich wandelt, bleibt mit mir verwandt

[Somente aquele que muda permanece a mim aparentado]


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