03. Liebesliede




“Devemos nos despedir da vida como Ulisses de Ítaca:
Bendizendo mais do que amndo.”
[Nietzsche, “Humano, Demasiado Humano”]

Liebesliede
[Juliano Berko]

Escrevo cartas nas quais me despeço de meus amigos
Numas rubrico “O Pregado”, noutras “Dionísio”
Deveria guardar recato quanto ao meu sofrimento — que é tanto...
Me despeço da vida um pouco a cada dia!
Bendizendo — tal qual aquele alemão que nos disse um dia:
“Como Ulisses de Ítaca, mais do que amando...”

Ri melhor quem ri primeiro — da própria tragédia!
Engole o orgulho, engole o choro — vida a comédia!
Se claudicante, coxeando — ainda estive em Arcádia
Me levanto e dou as costas — a toda misericórdia
Ao rebanho, a morte lenta — a Terra já está farta!
“Pregador da morte rápida” — efígie em minha porta!
Nunca sofri da solidão — e sim da multidão
Quê me diz o destino, então? – “Te tenho em minhas mãos!”

Do país da loucura, tenho visto permanente, pois, já fui residente:
Pra lá vou quando preciso, volto quando quero
Ao fim de um dia cheio, preciso de muitos bolsos, pequeno amigo!
Bebo pra esquecer que me envergonho de beber!
Quero brincar e reaprender a rir e, se malograr,
Quem poderá vir me contar a piada que vai me matar?

Ich will ist zur macht Liebesliede
Also, auf wiedersehen, Friede!
[Eu quero é fazer canções de amor
Então, adeus, paz!]

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